segunda-feira, 4 de outubro de 2010

RETRATO.

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?".

- Cecília Meireles -

7 comentários:

  1. O tempo realmente nos esconde as feições, mas acredito que da alma nem o tempo roube as emoções.

    Beijos, parabéns pela feliz escolha!

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  2. Não se perdeu certamente o tempo fez as mudanças cabiveis, mas a alma sucumbiu.
    Bjos achocolatados

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  3. Sil, como é bom encontrar a senhora Cecília por aqui.
    Um beijinho, menina

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  4. Silvana, gosto de passar por aqui, sempre que posso.

    Esse poema que postou é um dos que gosto muito!

    Tenho aqui uma releitura:

    Espelho

    Eu também não tinha assim
    o rosto marcado pela vida,
    larguei um pouco de mim
    e fiquei lá atrás esquecida.

    Quando saí desse esquecimento
    Outra pessoa vi no espelho,
    Aonde foi que andei todo tempo?
    Então, caí em desespero.

    É como um reflexo após o banho,
    o vapor quente a nos esconder,
    e não nos esforçamos para nos ver.

    Mas hoje, passo a mão nesse aço,
    vejo cada detalhe que há em mim
    e de quem não conheço me desfaço.

    Autoria: Maria Cristina Gama
    que assina seus poemas como
    Chris Amag

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  5. um dos clássicos de cecília.

    lindeza demais vê-lo aqui!

    venha ao um-sentir e veja algum começo de romance :)

    grande beijo!

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  6. Todos nós vamos perdendo umas coisas e ganhando outras.
    Quando se perde a beleza da juventude ganha-se a beleza interior de bons pensamentos, desejos e presença de espírito.
    A felicidade não se torna tão efémera e passageira. Os anos dão-nos outra força de vida e de conhecimentos.
    (se não acontece é porque alguma coisa está mal em nós)

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  7. Uma senhora poesia de Cecilia, que dispensa palavras. O puro reconhecimento do tempo, do fato, do fator inevitável, do passar...

    Abraço grande, Silvana!

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