Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
- Manoel de Barros -
Texto extraído do livro "Tratado geral das grandezas do ínfimo", Editora Record - Rio de Janeiro, 2001, pág. 17.
É este modo simples, com palavras simples e ideias às vezes pueris, que fazem o encanto da poesia, apesar dos onças...
ResponderExcluirAbjoão
Eita tempinho custoso e bom né? Havia mais emoção!
ResponderExcluirBeijos e uma boa terça.
Que delícia! Outros tempos, mais românticos na verdade... Eu gosto. Beijos, Angela
ResponderExcluirExatamente assim: "no tempo do onça". Mas tudo tinha mais emoção. Tempo em que falar de amor ou simplismente esperar ver a pessoa amada passar em frente a nossa casa fazia as nossas pernas tremer e um frio no estômago de emoção.Lindo poema.bjs.
ResponderExcluirQue delícia ler Manoel de Barros! As palavras dele abraçam a gente.
ResponderExcluirbjins
PAZ e LUZ
tenho q fazer um trabalho do livro do meu colégo, e naum sei responder o significado de
ResponderExcluir''No tempo do onça era assim...''