terça-feira, 5 de abril de 2011

A NAMORADA

Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela. 
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia. 
No tempo do onça era assim.

- Manoel de Barros - 


Texto extraído do livro "Tratado geral das grandezas do ínfimo", Editora Record - Rio de Janeiro, 2001, pág. 17.

6 comentários:

  1. É este modo simples, com palavras simples e ideias às vezes pueris, que fazem o encanto da poesia, apesar dos onças...

    Abjoão

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  2. Eita tempinho custoso e bom né? Havia mais emoção!
    Beijos e uma boa terça.

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  3. Que delícia! Outros tempos, mais românticos na verdade... Eu gosto. Beijos, Angela

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  4. Exatamente assim: "no tempo do onça". Mas tudo tinha mais emoção. Tempo em que falar de amor ou simplismente esperar ver a pessoa amada passar em frente a nossa casa fazia as nossas pernas tremer e um frio no estômago de emoção.Lindo poema.bjs.

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  5. Que delícia ler Manoel de Barros! As palavras dele abraçam a gente.

    bjins

    PAZ e LUZ

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  6. tenho q fazer um trabalho do livro do meu colégo, e naum sei responder o significado de
    ''No tempo do onça era assim...''

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