terça-feira, 27 de julho de 2010

DOR.

 A alegria dispersa; a dor concentra.
É na dor que, em verdade, sentimos que um filho é carne da nossa carne.
Ao vê-lo sofrer vibramos doloridamente e, se ele geme, o seu gemido ressoa-nos no coração.
Os ais que lhe escapam do martírio são flechas que nos lancinam e, se baixam do clamor à queixa humilde, doem-nos ainda mais, como a punção de uma lanceta aguda que se nos crava paulatinamente.
Se o enfermo sara esquecem-se tais vozes, se elas, porém, se calam suspensas pela morte, então represam-se-nos no íntimo, e nunca mais o coração as esquece.
E os gemidos nele perduram como fica eterno nas conchas, o marulho soturno do mar.

- Coelho Neto -

5 comentários:

  1. OLá,
    Um bom dia cheio de luz e muita paz.
    Um abraço carinhoso um beijo no coração.

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  2. Belo texto, mesmo que triste, verdadeiro...
    Querida... Passando tbm para avisar que temos sorteio novo no blog, participa!
    Brinquinhos da Parreira Folheados.
    Beijinhos!

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